Novos textos vão
substituindo os antigos e os antigos quando lidos depois de algum tempo já não
fazem o mesmo sentido. É como uma
lembrança do que já senti, mas sem o sentimento.
Essa é a prova de
que eu posso mudar, que eu sempre mudo, mesmo acreditando no presente que isso
não é possível. Horas! Eu já passei por tanta coisa nessa vida... Foram
experiências marcantes, a maioria delas triste, mas isso não significa que será
sempre assim.
Hoje eu estou
ferrado.
Sem amigos, sem
confiança nas pessoas, querendo sempre estar sozinho, acreditando que já não
conseguirei amar de novo. Meu coração está partido, pessoas me traíram e a
revolta me fez tomar atitudes que me deixaram arrependido.
Alguns me olham
quando passo, fecham a cara, desviam o olhar, talvez pensando que sou imundo e
que não tenho concerto. Mas se o mundo dá voltas, na próxima esquina essas
mesmas pessoas podem estar fraturadas. E se naquele momento eu passasse por
elas novamente?
Sabendo que
existem coisas que ninguém perdoa, eu me pergunto por que tanta gente fica
atrás de um confessionário à procura de perdão. Vendo que todos cometem erros,
não entendo aqueles que apontam dedos para o defeito alheio.
Eu deveria me
sentir culpado?
Toda merda que já
fiz se aplica a lei de que não existe efeito sem causa. Motivos eu tive. Se foi
contra inocentes ou culpados não importa, o que importa é que alguém me feriu antes
e que o golpe dado foi apenas um reflexo dessa ferida.
Pois como alguém
poderia esperar carinho de alguém que só conhece a dor? Bem, é o que estou
tentando dizer...
Se não tivessem
rido de mim quando pela primeira vez achei que lápis nos olhos me deixaria mais
bonito. Se não tivessem duvidado do meu caráter quando decidi usar as minhas
próprias combinações de roupa. Se não achassem que um homem não deve pintar o
cabelo e passar esmalte nas unhas e se não atribuíssem o som que eu ouço a um
pacto macabro com o diabo.
Se a maioria não
defendesse tanto a orientação hétero. Se pastores não pregassem contra pessoas
como eu. Se o modelo de bondade não fosse condicionado a um terno branco.
Tudo bem. Eu já
estou começando a fazer o que as pessoas querem. Mas cobrarei que todos eles se
esqueçam do “demônio” que já fui.
O que aconteceu
foi o bastante e eu estou aceitando as algemas de uma vida sem liberdade, todos
os modelos e convenções, cada regra do início ao ponto final.
Mas ao mesmo
tempo estou enfiando a necessidade de me perdoarem no... Na gaveta do meu
criado. E eu vou me esquecer, mesmo que não se esqueçam, de que um dia tentei
reagir de forma errada.
E como eu digo:
- Faça merda e
espere secar... Assim terá o melhor esterco e com isso, o melhor jardim!
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