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Cinquenta por cento das pessoas são normais,

quarenta e nove fingem que são, o resto sou eu.

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Eu Desisto:

É difícil admitir, mas eu preciso. Preciso porque não posso mais continuar assim.
Por sete anos eu estive nessa vida, nesse mundo colorido que no fundo eu vivi em preto e branco. Mas para que? Qual foi o objetivo? Qual a recompensa de ter lutado, enfrentado o preconceito, acreditado que no fim eu não iria acabar sozinho?
Eu acho que dessa vez abri os olhos.
Pela primeira vez fui comemorar o dia do orgulho LGBT e me arrependi. Levei a bandeira, não me desgarrando dela por um minuto se quer e no fim do percurso, quando pensei que era orgulho tudo aquilo que eu sentia, descobri a decepção.
Descobri que nunca me identifiquei com esse mundo. Que nunca gostei das gírias, do glamour, das expressões e da cultura transmitida por esse grupo.
Eu sou diferente deles. Meu estilo é diferente e meu pensamento é diferente da maioria dos homossexuais.
Confesso que é difícil entender o que está se passando comigo. É difícil relatar esta experiência sem esboçar uma pontada de preconceito. Eu sei que muita gente não vai entender, principalmente os meus amigos mais chegados. Mas é isso o que estou sentindo.
É lógico que não desejo cair no ridículo, negar as minhas tendências e sair por aí procurando uma cura. Não, a esse ponto eu não vou chegar. Também não vou me forçar a interessar-me pelo sexo oposto, virar hétero como dizem por aí.
Eu quero apenas exercer o meu direito de desistir. De não mais acreditar que posso ser feliz assim, apaixonado por algum homem e esperando pelo dia em que ele resolva acertar as coisas.
Eu estou cansado...
Eu nunca me interessei pelos assumidos e todos os relacionamentos que de alguma forma começavam a dar certo, eu sempre dava um jeito de estragar.
Todas as minhas paixões foram proibidas.
O que eu vivi até hoje está longe de ser uma vida homossexual comum. É isso que estou tentando admitir. É isso que estou querendo abandonar.
Hoje, o que eu mais preciso é ficar sozinho. E se estou tentando deixar de me relacionar com homens, como posso continuar me definindo homossexual?
Eu não tenho uma definição para quem eu sou, esta sempre foi a verdade...
Não quero criticar, não quero recriminar, não quero ter preconceito nenhum. Mas também não quero mais ser assim.
Não quero mais sofrer por algo que nunca vai dar certo, porque a sociedade não foi feita assim e não vale a pena causar danos em alguma família para fazer a minha vontade de ser feliz com  alguém que possa estar morando em meu coração.

Bem...
A partir de agora, uma fase da minha vida termina. Posso estar enganado com essa escolha, mas estou certo de que vou tentar.
O Gabriel que andava por aí, transando em casas abandonadas, amando em segredo e desejando que o mundo inteiro se transformasse num arco íris não existe mais.
Essa é minha palavra final sobre o assunto.
Me desculpem...


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