Tudo bem... que fique assim então!
Eu assumo a culpa pelo “eu tenho nôjo de vocês” e me convenço
de que isso tocou mais do que o “eu amava vocês”.
Não é isso que as pessoas fazem? Se doem com uma ofensa, mas
não reconhecem que antes dela veio o amor, amor este desvalorizado?
Foi este desvalorizar que me levou a tomar esta atitude. A
falta de reconhecimento, a raiva, a ânsia de gritar o descontentamento. Não é a
toa que não exista ninguém feliz ao meu redor, de tanta gente vivendo por
cultivar a mágoa dessa forma.
No fundo eu já me acostumei com esse jeito destorcido que
meus amigos consideram ser a melhor forma de ser um homem. Eu sei que tudo não
passa de meras provas de “macheza”, meras especulações sobre normas e fórmulas
de se agradar o externo e corresponder as expectativas.
Eu sei muito bem que viver por dentro acima de tudo, contra
tudo o que está lá fora, me expos ao ridículo. Mas ridículo é o que vocês
consideram a meu respeito, não o que me considero de fato.
Vocês compreendem muito bem que um corte sangra, que um tapa
arde, que um murro quebra dentes. Só não entendem que os outros sentem, que
algumas palavras machucam, que a rejeição decepciona, que o amor existe também
de homem para homem, de amigo para amigo.
Sinto muito, mas eu não tenho uma vagina. Não tenho a droga
dos cabelos compridos, nem o corpo de violão que vocês consideram indispensável
em alguém, para que este mereça o valor interesseiro que vocês propõem para ter
em troca o que todo macho precisa.
Doeu sim, mas em mim do que em vocês, por mais que seja
difícil de acreditar. Mas agora eu estou certo, certo de que não preciso de
índios ao meu redor, índios que só me aceitariam se eu vivesse na mesma selva,
fazendo parte da mesma tribo.
Sou civilizado afinal, e vou superar de alguma forma. Já não
sou mais aquele sadomasoquista e já não me faz falta o que existe apenas para
me ferir.
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